terça-feira, 2 de março de 2010

Liturgía - Celebração

O termo liturgia provém do grego "leitourgia" que, "em sua origem indicava a obra, a ação ou a iniciativa assumida livremente por um particular (indivíduo ou família) em favor do povo ou do bairro ou da cidade ou do Estado". Portanto, a liturgia era a "obra pública" assumida com liberdade. Com o passar do tempo a liturgia perdeu o seu caráter livre e passou a significar um serviço obrigatório. A tradução grega do Antigo Testamento apresenta a liturgia como sendo um "serviço religioso prestado pelos levitas a Javé, primeiro na 'tenda' e depois no templo de Jerusalém".

Na Didaqué, a liturgia "se refere claramente à celebração da eucaristia" (Nº. 14). No Concílio Vaticano II, por liturgia compreende-se "a ação sagrada, através da qual, com um rito, na igreja e mediante a igreja, é exercida e continuada a obra sacerdotal de Cristo, isto é, a santificação dos homens e a glorificação de Deus" (SC 7). O concílio afirma também que a liturgia "é o cume para o qual tende a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua força" (SC 10). À luz do Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, a liturgia é "obra de Cristo" e "ação da sua igreja". É o sinal visível da comunhão entre Deus e a humanidade através de Jesus Cristo (cf. SC 6 e CIC 1071).

Por que Celebrar?
Celebrar significa tornar célebre um determinado momento ou acontecimento da vida. O ato de celebrar faz parte da vida humana, é uma ruptura da rotina cotidiana. O liturgista italiano, Romano Guardini, fala da celebração como dimensão lúdica da vida que extrapola o tempo e o espaço.

Celebrar é comemorar, isto é, atualizar na memória algo em comunhão com alguém. "Em todos os tempos e lugares, homens e mulheres de todos os meios e níveis sociais, de todas as culturas e religiões, costumam realçar, ao longo da existência, aspectos fundamentais da vida individual, familiar, social e religiosa" (Doc. CNBB - 43 Nº. 36) e este realce se dá no ato celebrativo.

A celebração "nos leva a descortinar a grandeza de nosso ser e de nosso destino de imagens de Deus". Ela "nos abre espaço para vivermos em comunhão que é o anseio profundo de nosso ser social" (Doc. CNBB - 43 Nº. 38)

Em toda e qualquer celebração o centro é a VIDA. Celebramos a vida. A vida provoca e faz acontecer a celebração que, por sua vez, compreende uma simples festa de aniversário até um fato que envolva todo o mundo.

Referindo-se à celebração litúrgica o que se celebra é a "vida de Deus no meio do povo" em vista de comemorar o mistério da salvação. O projeto de comunhão de Deus com o seu povo e "que chamamos de obra da salvação, foi prenunciado pelo próprio Deus no Antigo Testamento e realizado em Cristo. Hoje a Liturgia o celebra, isto é, o rememora e o torna presente na Igreja" (Doc. CNBB - 43 Nº. 44).

Portanto, podemos dizer que o ponto central da liturgia cristã é o Mistério Pascal. Por mistério pascal compreendemos a plenitude da presença de Deus no meio do seu povo na pessoa de Jesus, desde a sua encarnação até a ressurreição. "O mistério pascal de Cristo é o centro da História da salvação e por isso o encontramos na Liturgia como seu objeto e conteúdo principal. Esse mistério envolve toda a vida de Cristo e a vida de todos os cristãos" (Doc. CNBB - 43 Nº. 48).

Hoje, somos convidados "a celebrar os acontecimentos da vida inseridos no Mistério Pascal de Cristo".

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